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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

D. MARIA I, DE MARY DEL PRIORE, PELA CASA DAS LETRAS

Uma leitura muito interessante, que desvenda aspetos da personalidade e do contexto em que viveu a primeira Rainha portuguesa, D. Maria I, rotulada para história como a louca.

Tenhamos presente que na época os cargos de poder passavam sempre ao lado das mulheres. Uma mensagem de empoderamento feminino à época.

Em toda a europa, a par da sua contemporânea D. Maria Ana da Áustria, foi a primeira mulher num cargo decisório.

Trata-se de uma narrativa na terceira pessoa ao longo de 9 capítulos e 180 páginas: 1. Era uma vez; 2. De princesa a rainha num castelo de madeira; 3. A mão que batia e abençoava; 4. Os prazeres e os dias dos reis; 5. Nossa Senhora das Dores; 6. Tempos de lágrimas e de expiação; 7. Com o diabo no corpo?; 8. Morrer e não morrer; 9. Venha morte, venha; Caderno de Imagens; Referências.

Fruto de uma grande pesquisa bibliográfica resultante, inclusivé, do acesso à correspondência pessoal da Rainha, esta narrativa procura fazer justiça à pessoa de D. Maria I.

Pensemos o que seria uma mulher num cargo decisório tão importante, rodeada de conselheiros e partes com interesses contraditórios, desde a Nobreza ao Clero e ainda o ambiente no Brasil, então colónia mas já a formar alguns passos em direção à independência. As invasões Francesas.

Além disso, D. Maria tinha ainda o papel de esposa e de mãe.

Descobrimos que afinal D. Maria não era louca. 

Sofreu inúmeras pressões psicológicas de conspiração contra si, desde nova, assistiu a atos de execução pública como o processo dos Távoras, as invasões Francesas e perdas pessoais.

Provavelmente estaria só, apesar de rodeada de muita gente.

Com este livro mergulhamos no contexto político, económico e social da época em Portugal e no Brasil e compreendemos que afinal D. Maria poderia não estar louca.

Uma chamada de atenção para tantos problemas que até a medicina tarda em compreender.

Um testemunho de empoderamento feminino, que vai para além do tempo e do lugar, como tantos outros.

Uma maravilhosa aventura, que recomendo.

ISBN: 9789896608439
Edição: 07-2020
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 233 x 17 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 248
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > História > História de Portugal

SINOPSE:
D. Maria I foi a primeira mulher a governar Portugal e ficou conhecida para a história como a Rainha Louca. Mãe de D. João VI e avó do primeiro imperador do Brasil, teve um longo reinado de 38 anos - marcado por intensa atividade governativa, pela ação social e pelo desenvolvimento das artes e das ciências - e, no entanto, a sua vida conta com aspetos muito importantes não esclarecidos. Se era mentalmente instável, o que a levou a isso? E seria realmente louca, ou antes incompreendida? Que impacto tiveram nela as mortes do marido e do filho primogénito? A fim de lançar uma nova luz sobre esta figura marcante da história de Portugal, a historiadora Mary del Priore investigou a fundo a sua vida.
Neste livro, Del Priore conta a história da monarca de uma perspectiva inédita e intimista, e revela que o seu estado mental era provavelmente fruto das muitas tristezas e contratempos que sofreu ao longo da vida, numa época em que a depressão e a melancolia eram confundidas com insanidade - e até mesmo consideradas obras do demónio.
Abordando a vida de D. Maria I desde o seu nascimento em Lisboa, em Dezembro de 1734, até à sua morte no Brasil, para onde foi em 1808, passando pela sua devoção ao catolicismo, a coroação como primeira rainha portuguesa, o conflito com o Marquês de Pombal e o aparecimento dos primeiros sintomas de doença, esta obra faz justiça a uma mulher que conseguiu sobreviver a tempos e circunstâncias que lhe foram muito adversos

SOBRE A AUTORA:
Mary del Priore nasceu
em 1958 no Rio de Janeiro. Com um doutoramento em História Social pela Universidade de São Paulo e um pós-doutoramento pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, foi professora de História em diversas universidades brasileiras. Pelo seu trabalho na área da divulgação da História, recebeu mais de 20 prémios nacionais e internacionais, entre os quais os reconhecidos Prémio Jabuti (1998), prémio União Brasileira de Escritores (1998), Prémio Personalidade Cultural do Ano (1998), Prémio Casa Grande e Senzala (1998 e 2000) e Prémio Fundação Biblioteca Nacional (2009). Além de ter publicados mais de 40 livros, colabora ainda regularmente com diversos jornais e revistas brasileiros e internacionais.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A BICICLETA QUE FUGIU DOS ALEMÃES, DE DOMINGOS AMARAL, PELA CASA DAS LETRAS

Uma leitura do início do mês de Agosto, A bicicleta que fugiu dos Alemães, um livro de Domingos Amaral, numa edição de Maio de 2019 pela Casa das Letras.
A história encontra-se estruturada em 353 páginas, 52 capítulos e 5 partes: adeus Paris (que se passa de 3 a 13 junho de 1940 em Paris), volta a França (13 junho a 24 junho de 1940 de Paris, Orleães, Chenonceau, Poitiers, Bordéus a Bayonne), desencontros (24 junho a 1 julho 1940 Hendaia, San Sébastian, Guernica, Salamanca, Hendaia, Fuentes de Onoro, Pau), negócios arriscados (2 de julho a 26 agosto 1940 Vilar Formoso, Guimarães, Figueira da Foz, Gurs, Lisboa), as andorinhas/les hirondelles (15 setembro 1940 a abril de 1941 Gurs, Lisboa, Pau, Gurs, Lago de Fabréges, Lisboa).
A narrativa encontra-se contada na voz do primo da personagem principal que reside em Lisboa, tendo presente o que lhe foi revelado por Carol e também pela enfermeira Mary Bowls que operava infiltrada para resgatar soldados ingleses dos campos de prisioneiros franceses.
A personagem principal é Carol, uma jovem portuguesa com cerca de 21 anos que estuda literatura em Paris na universidade de Souborne e que é apaixonada pela sua bicicleta da marca Hirondelle.
Carol vê-se de repente com a premente necessidade de abandonar Paris face à proximidade dos exércitos alemães em junho de 1940.
Em simultâneo, a sua amiga Sara, também de uma família abastada, vê-se separada dos pais, sendo o seu pai perseguido pela gestapo.
Sara, o irmão e a governanta fogem num citrõen azul, tal como muitos residentes da cidade.
Carol também abandona a cidade na sua bicicleta hirondelle e acompanhada de Rover, um piloto inglês que perdeu uma mão num raid aéreo, bem como do gato cego Chamberlain. Carol resgatou ambos de uma hospital que havia sido evacuado e onde ficaram apenas Rover à beira do suicídio e o seu gato.
Trata-se de uma extraordinária história de coragem, amizade e determinação, ousadia e entrejuda, onde a lealdade é muitas vezes posta à prova em função do sentido de sobrevivência. 
Enfrentaram todos os perigos como as metralhadoras da aviação alemã que dizimaram estradas inteiras, ou os elementos da gestapo, espionagem e contra-espionagem.
Percorremos através desta história o caminho trilhado por milhares de refugiados e todas as dificuldades sentidas.
O porto de Bordéus é fechado, o processo de obtenção de vistos para a entrada em Portugal através de Aristides de Sousa Mendes, a gestão dos comboios de refugiados também controlada pelos alemães, o exílio e a passagem por Portugal rumo às Américas.
Uma história sobre sacrifício em prol da reunião familiar.
Sobre a liberdade e o sentido da vida.
Um livro que apesar de encerrar uma história de ficção é revelador de muitas histórias reais nunca contadas, vividas por muita gente naquela época.
Apesar da seriedade do tema, considero que valeu a pena a leitura, que foi fluída e entusiasmante para perceber o rumo da história e da vida dos personagens, sendo o final um pouco surpreendente por não esperado.
Já leram?
Qual a vossa opinião?


ISBN: 9789897801242
Edição ou reimpressão: 05-2019
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 233 x 24 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 352
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Nos primeiros dias de junho de 1940, a população de Paris entra em pânico, pois os exércitos de Hitler aproximam-se. De carro, de camioneta, de carroça ou a pé, mais de cinco milhões de pessoas fogem da capital francesa.
Entre a multidão apavorada encontra-se Carol, uma portuguesa estudante na Sorbonne, que deixa Paris contrariada e ao volante da sua bicicleta Hirondelle.
Sempre em fuga e receosos da Gestapo, alguns deles conseguirão vistos de entrada em Portugal, passados por Aristides Sousa Mendes e chegarão a Vilar Formoso, onde a fronteira fechou por ordem de Salazar.
Uma história de amizade, sexo, solidariedade e amor, de uma rapariga portuguesa cujos sonhos eram apenas estudar literatura, namorar e pedalar feliz pelos boulevards de Paris.



SOBRE O AUTOR:
Domingos Amaral nasceu a 12 de outubro de 1967, em Lisboa. É pai de quatro filhos, três raparigas e um rapaz. Formado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, onde é atualmente professor da disciplina de Economia do Desporto (Sports Economics), tem também um mestrado em Relações Económicas Internacionais, pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Durante muitos anos foi jornalista, primeiro no jornal O Independente, onde trabalhou durante 11 anos, tendo depois sido diretor das revistasMaxmen, por sete anos, e GQ, durante quatro anos. Atualmente, é administrador da Escola Ave Maria e comentador na SportTV.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

QUANDO LISBOA TREMEU, DE DOMINGOS AMARAL, CASA DAS LETRAS

De volta a este espaço para deixar o registo da minha última leitura: Quando Lisboa tremeu, de Domingos Amaral, pela Editora Casa das Letras, editado em Setembro de 2010.
A escrita permite uma leitura muito fácil, transportando-nos para a manhã do dia 1 de Novembro de 1755 em Lisboa, quando ocorreu  um dos terramotos mais mortíferos da história, que terá chegado à escala 9 de Ritcher e que abalou a zona Centro e Sul do país, tendo destruído povoações inteiras. O Algarve foi também fortemente atingido. Foi seguido de um tsunami com ondas com mais de 20mts. Em simultâneo, surgiram incêndios incontrolados na sequência do abalo devastador e das inúmeras réplicas nos dias e semanas que se seguiram.
A Narrativa é escrita por um dos personagens, o 'pirata' Santamaria que descreve a sua experiência pessoal e os factos que lhe terão sido relatados pelos outros personagens principais.
O livro transporta-nos literalmente para as ruas de Lisboa, lugares que agora conhecemos e que imaginamos à época.
Filipe Assunção era um marinheiro ao serviço da coroa portuguesa, que foi feito prisioneiro por piratas na sequência de um assalto. Quando o navio pirata onde se via obrigado a servir foi abordado e aniquilado pela esquadra Francesa, foi de novo feito prisioneiro e enviado para a capital do reino para a prisão do Limoeiro, aguardando julgamento por pirataria, conjuntamente com um pirata, o árabe Muhammed, com quem tinha alguma afinidade. Filipe era então chamado de Santamaria, o nome da embarcação pirata onde foi apanhado. No momento do terramoto estava concretizando um plano de fuga, deparando-se em simultâneo com a vingança de prisioneiros piratas espanhóis que o perseguem de forma implacável.
A irmã Margarida, jovem e bonita encontrava-se na prisão da Inquisição do Rossio, condenada à morte por imolação. Aterrorizada com o fogo, decide enforcar-se na véspera, na hora exata do terramoto. Margarida encerra alguns segredos.
Hugh Gold, um capitão Inglês, mulherengo, encontra-se em casa perdido nos seus pensamentos acerca de como se poderia livrar de vez da sua esposa, quando ocorre o terramoto.
O rapaz Filipe encontrava-se na igreja de São Vicente de Fora com a sua mãe quando decide regressar a casa para ir buscar a sua irmã gémea que se tinha atrasado. O rapaz estava preocupado com um eventual abuso do padrasto sobre a sua irmã. Mal sai da igreja, acontece o terramoto.
O cão do rapaz acompanha também toda a história e foi determinante para a localização da irmã do rapaz. No meio do caos o rapaz continua determinado e sempre com esperança de resgatar a irmã com vida.
Sebastião de Carvalho e Melo, então ainda Secretário dos Negócios Estrangeiros e Guerra, conhecido pela alcunha 'Carvalhão' dos tempos de juventude, encerra um segredo que o liga ao pirata Santamaria. Para não ver a sua posição melindrada, persegue Santamaria com o objetivo de o condenar à execução.
O Rei D. José e o escrivão Bernardino (que conhecia o Carvalhão e o pirata Santamaria dos tempos de juventude), na altura do terramoto encontravam-se a assistir à missa em Belém, uma zona pouco afetada pelo terramoto.
Bernardino assume sempre uma posição moderada.
A escrava Ester encontrava-se a servir no Paço Real, bem como Abrão, um negro misterioso, tendo sobrevivido ao abalo.
Todas estas personagens cruzam-se ao longo da história, ficando interligadas de forma irremediável.
O livro encontra-se dividido em 4 partes que aludem aos elementos envolvidos na tragédia: terra (alude ao sismo e abalos), água (alude ao tsunami), fogo (em alusão aos incêndios que alastraram de forma descontrolada), ar (alude aos estampidos das armas).
O livro descreve o caos, as perseguições, pilhagens, violações e assassinatos, injustiças, prevalência dos interesses individuais. Em suma, o retrato mais negro do que se pode passar quando reinam a anarquia, a ambição e a fome.
Do meu ponto de vista, as descrições dos pormenores dos mortos foram um pouco repetitivas, embora o que se terá passado terá sido sem dúvida assombroso e generalizado por toda a zona central e oriental de Lisboa.
Enquanto Santamaria, Muhammed e Margarida fogem à justiça, o rapaz tenta resgatar a irmã gêmea que ficou soterrada.
A história relata tentativas desesperadas de sobrevivência dos personagens ao longo das horas e dos dias que se seguiram ao abalo.
O narrador refere na página 107: "aqueles foram dias terríveis, dias em que perdemos os nossos gestos e os nossos pensamentos mais bondosos, dias em que o imperativo da sobrevivência e a presença constante do sofrimento e da morte nos alteravam, nos faziam praticar atos desagradáveis e até injustos ou criminosos; dias em que as regras se suspenderam e vieram ao de cima as vontades mais primitivas de cada um, o seu lado irracional, os seus medos e as suas raivas; dia em que deixámos de ser humanos e nos tornámos praticamente animais, sem razão ou compaixão, onde tido o que queríamos era fugir e viver, e para isso faríamos o que fosse preciso, mesmo que horrível. Apesar de todos falarem de Deus aqueles foram os dias em que Deus abandonou as pessoas e as deixou a sós no confronto com uma natureza brutal."
Entretanto, Sebastião José convence o Rei a retomar a ordem na capital pela força militar e no seu íntimo deseja capturar o pirata.
A estratégia terá sido a de evitar a fuga em massa da população e restaurar a ordem através da força militar, aprisionado os foragidos e os bandos de criminosos que alastraram. Entre relocalizar a cidade para a zona ocidental segura, terá sido decidido reconstruir a cidade na mesma zona deixando a zona segura para a elite. O paço real foi também erigido na ajuda, zona segura, mas em estrutura de madeira, tendo ficado conhecido como a Real Barraca.
O epílogo desvenda o destino do pirata Santamaria revelando que nesta vida as injustiças podem nos surpreender. Mas Santamaria se antes se sentira perdido, percebe a força do amor incondicional.
Este livro é uma espécie de relato autobiográfico do pirata Santamaria que foi uma espécie de vítima do sistema ao não lhe serem salvaguardadas as circunstâncias em que foi feito prisioneiro pelos piratas. Por outro lado, Sebastião José ao prosseguir os seus interesses pessoais ambiciosos, esquece a sua antiga lealdade, preferindo condená-lo à morte.
Uma história de aventura com muita ação, mistérios e algum romance à mistura.
Já leram?
Qual a vossa opinião?


ISBN: 9789724619866
Edição ou reimpressão: 09-2010
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 233 x 32 mm
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 488
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Lisboa, 1 de Novembro de 1755. A manhã nasce calma na cidade, mas na prisão da Inquisição, no Rossio, irmã Margarida, uma jovem freira condenada a morrer na fogueira, tenta enforcar-se na sua cela. Na sua casa em Santa Catarina, Hugh Gold, um capitão inglês, observa o rio e sonha com os seus tempos de marinheiro. Na Igreja de São Vicente de Fora, antes da missa começar, um rapaz zanga-se com sua mãe porque quer voltar a casa para ir buscar a sua irmã gémea. Em Belém, um ajudante de escrivão assiste à missa, na presença do Rei D. José. E, no Limoeiro, o pirata Santamaria envolve-se numa luta feroz com um gangue de desertores espanhóis.
De repente, às nove e meia da manhã, a cidade começa a tremer. Com uma violência nunca vista, a terra esventra-se, as casa caem, os tetos das igrejas abatem, e o caos gera-se, matando milhares. Nas horas seguintes, uma onda gigante submerge o terreiro do Paço e durante vários dias incêndios colossais vão atemorizar a capital do reino. Perdidos e atordoados, os sobreviventes andam pelas ruas, à procura dos seus destinos. Enquanto Sebastião José de Carvalho e Melo tenta reorganizar a cidade, um pirata e uma freira tentam fugir da justiça, um inglês tenta encontrar o seu dinheiro e um rapaz de doze anos tenta encontrar a sua irmã gémea, soterrada nos escombros.


SOBRE O AUTOR:
Domingos Freitas do Amaral é diretor da revista GQ, e cronista dos jornais Correio da Manhã e Record. Formado em economia, e com Mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Columbia em Nova Iorque, iniciou a sua carreira jornalística n’O Independente, tendo depois sido diretor da revista Maxmen

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

OUTLANDER, UM SOPRO DE NEVE E CINZA, VOLII, DE DIANA GABALDON, CASA DAS LETRAS

De regresso a este espaço para deixar o registo da minha última leitura que iniciei no final do ano passado.
Sou fã dos livros e da série de ficção científica que mistura viagens no tempo com romance histórico.
Este é o sexto livro da autora de 2005 que só foi traduzido e editado em Portugal em Julho de 2018.
O livro é enorme, com mais de 800 páginas, mas a leitura é fácil captando o interesse com ação, aventura, suspense e algum romance e humor. Muitas peripécias e surpresas conjuntamente com a descrição de como seria o dia a dia naquela época.
Lê-se sem nos darmos conta.
Está escrito a duas vozes: a de Claire e a de Brianna.
A história deste livro decorre durante cerca de 3 a 4 anos, passando-se entre 1774 e 1776 na Carolina do Norte onde Jamie e Claire se estabeleceram edificando o colonato Fraser Ridge.
Estão acompanhados de Fergus, Marsali e respetivos filhos e também por Brianna, Roger e filho. Ian e o carismático lobo Rollo também estão com eles nesta fase.
Por Claire, Jamie tem conhecimento da Guerra da Independência Norte Americana, sabendo exatamente quando e de que forma começam os primeiros movimentos, bem como quando esta se inicia.
Havendo jurado lealdade à Coroa Britânica não pode ficar alheado do movimento lealista, chegando a fornecer armas ao índios que se uniram a esta causa.
Contudo, sabe que a todo o momento será preferível quebrar o seu juramento e tomar partido pela causa revolucionária.
Mas o ambiente que se vivia na época era um ambiente em que os 'traidores' seriam julgados, condenados, assassinadas as famílias, sendo as suas casas queimadas.
Para além disso Claire e Jamie sabem de um recorte de um jornal que anuncia o incêndio de Fraser Ridge e a morte dos seus habitantes.
Trata-se de uma estratégia de sobrevivência a todos os níveis.
À parte desta problemática apercebemo-nos que Jamie nos seus sonhos consegue ver o futuro, o que nos vai deixando pistas intrigantes.
Donner o anterior raptor de Claire reaparece e revela que também é um viajante no tempo revelando a existência de um portal de pedras nas bernudas, a zona mais próxima. Conhecemos o seu destino.
Brianna mantém-se ocupada com as lides domésticas e o seu pequeno Jenny. Em simultâneo ao utilizar conhecimentos de engenharia e física consegue desenvolver utensílios como o fósforo, canos para construir canalizações de água, bem como até seringas.
Roger torna-se um ministro presbiteriano.
A paternidade de Jenny é revelada graças a um surto de piolhos.
Claire, médica, continua a sua missão curativa aperfeiçoando as suas técnicas e remédios, auxiliando todos e sendo requisitada por isso.
O filho de Fergus nasce com nanismo e por causa do preconceito/surperstições chega a correr risco que vida. Fergus chega a atentar contra a própria vida.
Jamie consegue arranjar uma estratégia para salvaguardar Fergus e a sua família enviando-os para uma tipografia na cidade próxima onde se estabelecem com prosperidade dada a argúcia de Fergus.
Claire sucumbe a determinada altura a febres altas por variados dias ficando irreconhecível e alheada de tudo. Nesse espaço de tempo sucedem alguns acontecimentos que vão determinar o curso da vida de outros personagens.
Lizzie aparece grávida e casa de forma ardilosa e escandalosa com os gêmeos Breadsley.
Malva Christie aparece grávida, acusando Jamie. Surpreendentemente aparece assassinada demorando a percebermos quem a assassinou e porquê.
Claire é acusada do assassinato de Malva e as vidas de jamie e Claire ficam em risco. Chegam a ser separados pois são levados e Claire é presa.
Por uma emergência da mulher do governador vê-se sob custódia no palácio do governador. Por força do destino o governador e a mulher fogem da eminente revolta política levando Claire embarcada em direção ao porto onde se encontrava Jamie. Claire consegue enviar mensagem sinalizando onde se encontra. Jamie consegue apenas com a ajuda e sacrifício do pai de Malva resgatar Claire.
Os segredos de Jocasta a tia de Jamie, do mordomo Ulysses e da criada Phaedre são revelados.
Mas Phaedre desaparece sem rasto.
Bonnet entretanto consegue raptar Brianna que se livra de ser novamente violada por se encontrar grávida de Roger. Bonnet pretende vendê-la como escrava. Aí percebemos o que sucedeu a Phaedre.
Não foi fácil a Jamie, Roger e Claire encontrarem e resgatarem Brianna.
Entretanto inicia-se a Revolução e Jamie sente chegada a hora de tomar partido pela causa revolucionária.
Todos correm novamente risco de vida.
Jamie em plena batalha vê-se obrigado atirar sobre alguns antigos companheiros das terras altas que se mantiveram leais à coroa.
A menina de Brianna nasce com a necessidade de recorrer medicina moderna.
Numa escaramuça em Fraser Ridge quando tentavam roubar as pedras preciosas necessárias para uma eventual travessia, a casa incendeia-se tal como noticiado no recorte de jornal.
Mas todos sobrevivem.
Brianna Roger, Jenny e a menina, porque lhes era possível a todos, vêem-se obrigados a tentar transpôr as pedras nas bermudas para os anos 50 para tentar salvar a menina.
Sabemos depois se conseguiram passar todos com vida.
Claire e Jamie terão que se reorganizar física e emocionalmente.
Muitas escolhas difíceis, drama, peripécias, reviravoltas e surpresas ao longo desta história.
O que mais sucederá?
Quem mais aprecia esta série e a literatura desta autora?


ISBN: 9789897419614
Edição ou reimpressão: 07-2018
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 155 x 233 x 46 mm
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 712
Tipo de Produto: Livro
Coleção: Outlander                                                                                     
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Estamos em 1772, na véspera da Revolução Americana, quando o longo rastilho da rebelião já foi aceso. O governador Josiah Martin chama Jamie Fraser para unir o interior da Carolina do Norte e garantir a colónia em nome do Rei e da Coroa. Mas existe um problema: a mulher de Jamie, Claire, viaja no tempo, entre épocas, bem como a filha e o genro. E Jamie sabe que o tiro que será disparado dali a três anos será ouvido em todo o mundo e o resultado será a independência - e que aqueles que são leais ao rei serão mortos ou votados ao exílio.
E existe igualmente um pequeno recorte de uma notícia da Wilmington Gazette, datado de 1776, que anuncia a destruição da sua casa, em Fraser’s Ridge, e a morte de Jamie e da sua família num incêndio. Por uma vez, Jamie espera que a sua família viajante no tempo esteja enganada em relação ao futuro - mas só o tempo o dirá.


SOBRE A UTORA:
Diana Gabaldon é uma escritora americana de ascendência mexicana e inglesa. Licenciada em Zoologia, mestre em Biologia Marinha e doutorada em Ecologia, foi professora universitária durante 12 anos. Neste momento dedica-se exclusivamente à escrita. Vive de momento em Scottsdale, Arizona, com a família.

domingo, 18 de novembro de 2018

PRAÇA DO ROSSIO, N.º 59, DE JEANNINE JOHNSON MAIA, DA CASA DAS LETRAS

De regresso a este cantinho para deixar a minha impressão sobre a última leitura: um romance histórico que se passa durante apenas nove dias do mês de Abril de 1941, em Lisboa.
De uma forma extremamente realista, a autora transporta-nos para o universo de Claire (uma jovem refugiada francesa com apenas 17 anos que chega a Lisboa proveniente de Marselha) e de António (um jovem que trabalha no café Chave de Ouro no Rossio e que vive com a sua avó na Mouraria).
O livro é escrito a duas vozes para a vivência dos 2 jovens numa Lisboa que constituía a última rota de fuga para outros destinos como o Brasil ou os Estados Unidos da América.
Interessante é a nota de abertura de cada um dos nove dias ao longo dos quais decorre a história:  notícias reais do Diário de Notícias daqueles mesmos dias.
Lisboa respirava intriga, espionagem e contra-espionagem, crimes e mistério.
Trata-se por isso de uma história envolvente e de alguma forma comovente.
Para obterem um visto de trânsito por 3 meses, era necessário o visto de saída de França, o visto de trânsito em Espanha, o visto do país de acolhimento e uma passagem marítima confirmada e paga.
Os refugiados chegavam a Lisboa por comboio e por barco. Partiam de barco num oceano Atlântico patrulhado por submarinos alemães prontos a afundar os navios que se dirigiam aos EUA que tomavam a posição de forças aliadas.
Em Lisboa várias agências humanitárias ajudavam no que podiam o acolhimento dos refugiados durante os dias que estes aguardavam pelo navios. Consta que naquela época eram longas as filas nos correios da Praça do Comércio para se saber de notícias dos familiares que tinham ficado para trás, bem como nos consulados dos países de destino, tal como nos escritórios das agências de navegação.
Cafés, bordéis, hotéis ou transmissores de rádio eram o palco de espionagem e contra-espionagem onde as movimentações bélicas maiores dos aliados e das forças alemãs eram influenciadas e determinadas.
Neste contexto, Claire investiga acerca de duas crianças refugiadas que chegam órfãs a Lisboa e António investiga acerca de um amigo, cliente do Chave de Ouro.
Num ápice, os seus destinos cruzam-se e vêm-se envolvidos numa trama de mistério, perseguição, tendo que decidir, no limite, entre o seu amor ou a força do 'dever'.
Como as expetativas de vida são moldadas fortemente pelo contexto em que vivem Claire e António.
Considero uma história apaixonante, de leitura muito fácil num suspense crescente para descobrirmos o desenrolar da história dos dois personagens principais. Somos praticamente transportados para a tela de um filme!
Aliás, do meu ponto de vista, este livro daria um bom filme!
Recomendo e releria de novo.
Já leram este livro?
Qual a vossa opinião?




ISBN: 9789897419225
Edição ou reimpressão: 05-2018
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 233 x 22 mm
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 328

SINOPSE:
Lisboa, abril de 1941. Em apenas nove dias, as vidas de uma mulher e de um homem mudarão para sempre. Vinda de Marselha, Claire, uma franco-americana de 17 anos, desembarca do comboio na estação do Rossio. À chegada, o seu caminho cruza-se - de maneira pouco agradável - com o de um jovem empregado do café Chave d’Ouro. Desenhador (e carteirista) nos tempos livres, António testemunha em primeira mão e tira partido dos conluios entre os espiões que se passeiam livremente pela capital portuguesa.

Enquanto aguarda pela família, na esperança de poderem partir juntos para os Estados Unidos, Claire vai à procura de duas crianças separadas dos pais à força e abandonadas à sua sorte, que transportam, sem saber, um segredo perigoso. António, chocado com o assassinato de um amigo, refugiado alemão raptado pela PVDE, tenta descobrir o responsável pelo crime. As investigações de ambos - e as suas vidas - vão cruzar-se, sem apelo nem agravo, à medida que descobrem que os desaparecimentos estão relacionados com um objeto que os nazis procuram em Lisboa.

Numa cidade repleta de espiões, intrigas e traição, a posse de tal objeto pode representar uma sentença de morte. Mas pode ser bem mais angustiante ter de decidir entre o amor e o dever.

SOBRE A AUTORA:
Antes de se mudar para Portugal, Jeannine Johnson-Maia trabalhou como jornalista na Bélgica e em Washington, D.C.
Na qualidade de assessora de imprensa, integrou a missão norte-americana junto da União Europeia, em Bruxelas.
Estudou nos Estados Unidos e em Itália, ensinou Inglês em França e viveu em Cabo Verde.
A atração pelas viagens e pelas complexas relações entre os países começou a ganhar forma nos tempos do liceu, graças, em parte, a uma fascinante fotografia do monte de Saint-Michel na capa de um belo livro.
Com o tempo, esses interesses levaram-na a licenciar-se em Política Externa pela Universidade de Virgínia (EUA), a concluir um mestrado em Economia, Estudos Europeus e Relações Internacionais, na Johns Hopkins School of Advanced International Studies (EUA) e a obter um segundo mestrado em Escrita Criativa na Universidade de Lancaster (Reino Unido).
Jeannine aprecia particularmente temas históricos, andando sempre em busca da história por detrás da História.
Fanática por Ted Talks, acha que os passeios à beira-mar são a melhor forma de terapia.
Vive no Porto, cidade que considera irresistivelmente fotogénica.
Praça do Rossio, N.º 59 é o seu primeiro romance.