Dicas da Lu: Poesia
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quarta-feira, 1 de abril de 2020

FOI NA SERRA QUE NASCI, DE MANUEL ANTÓNIO JOÃO, PELA CHIADO BOOKS, REÚNE POESIA TRADICIONAL ALENTEJANA EM LIVRO

É com o característico estilo alentejano que a obra “Foi na serra que nasci” é apresentada ao público. A reunir as populares quadras poéticas da região portuguesa, o autor, Manuel António João, conduz o leitor numa viagem por temas quotidianos e também de sua vida. Desde muito jovem, teve de trabalhar para garantir o próprio sustento e, com isso, aprendeu a superar qualquer adversidade.

Publicado pela Chiado Books, o livro já está à venda em todo o país. O livro surgiu a partir de quadras que foram escritas pelo seu pai, António João. E numa conversa com poetas populares e idosos da aldeia de Felizes, o assunto veio à tona e surgiu o interesse de preservar a poesia alentejana.

“Mais tarde já em Lisboa, adoentado e com tempo para matar, escrevi uma poesia para um passatempo na rádio, que para meu espanto, ganhei. Depois, as injustiças do cotidiano e da sociedade, bem como algumas questões pessoais, levaram-me a escrever as quadras populares alentejanas presentes na obra”, relata o autor.

SINOPSE:

Este livro é para ser lido
Perdoe-me esta ousadia
Porque eu fiquei convencido
Que você gosta de poesia

Pode não ser muito bonita
E não mereça a vossa atenção
Esta não é erudita
É de minha inspiração

Foi feita com muito empenho
Um empenho pertinaz
Aqui dou o melhor que tenho
E de melhor não sou capaz

Eu só consigo escrever
Se estou mesmo inspirado
Se me conseguir ler
O meu muito obrigado


SOBRE O AUTOR

Manuel António João nasceu em Felizes, freguesia de São Barnabé, na serra Alentejana, em Fevereiro de 1944, filho de António João e de Maria das Dores. Frequentou a escola primária, onde completou a Terceira classe. Saiu de casa aos 11 anos para trabalhar na casa de um casal de idosos. Com 14 anos, resolveu comprar os livros da quarta classe, estudou-os por inteiro, e sem frequentar a escola, fez o exame com sucesso.
Aos 17 anos, em Março de 1961, com o apoio dos tios, foi trabalhar para as pedreiras de Pêro Pinheiro, em Sintra. Em Agosto, trocou as pedreiras por uma mercearia e taberna, em Albarraque. Durante três anos, trabalhou alegremente das oito da manhã à meia-noite.
Aos 20 anos, foi trabalhar para uma padaria que lhe permitiu ter tempo para estudar e ter explicações seis vezes por semana. Completou o primeiro ciclo, actuais 5º e 6º anos, e já na tropa completou o 5º ano, equivalente ao 9ºano. Mais tarde, e já empregado numa fábrica, completou o 7º ano, equivalente ao 12º ano. Não frequentou a universidade porque entretanto casou e teve dois filhos. Frequentou alguns cursos de formação na empresa, que entretanto foi dissolvida, dispensando-o com 23 anos de casa.
Felizmente, Manuel António João já tinha aprendido um outro ofício, a restauração e encadernação de livros. Este novo ofício proporcionou-lhe o contacto com todo o tipo de literatura, o que o tornou um amante de livros e da leitura. Acometido de doença grave e sem nunca ter escrito nada, surgiu-lhe aos 73 anos a inspiração para a poesia. Tentou recuperar as quadras do seu pai, António João, mas já era tarde, e só algumas foram recuperadas. Em fevereiro de 2017, resolve participar num concurso de poesia, “Os Enamorados por Lisboa” para o dia de São Valentim, e ganha com o seu primeiro poema, Lisboa Altar do Amor. Surpreendido com a notícia da vitória, inspirou-se para escrever mais dois sonetos sobre Lisboa: Lisboa Cidade do Amor e Lisboa Cidade Privilegiada.
E nunca mais parou.

 Obra disponível em
https://www.chiadobooks.com/livraria/foi-na-serra-que-nasci

Autor: Manuel António João
Data de publicação: Setembro de 2019
Número de páginas: 180
ISBN: 978-989-52-6521-3
Colecção: Prazeres Poéticos
Idioma: PT

terça-feira, 10 de setembro de 2019

OBRA PÓSTUMA DO JOVEM ESCRITOR BRASILEIRO STÉFANO DEVES, HAVIA UMA PALAVRA DESESPERADA EM MIM, FOI LANÇADA EM PORTUGAL PELA CHIADO BOOKS

Mais uma novidade no mundo editorial, desta vez no mundo da poesia: “Havia uma palavra desesperada em mim”, de Stéfano Deves, leva o selo Chiado Books e acabou de ser lançado em Portugal!
Ainda que breve, a vida não lhe passou em branco. 

Pelo contrário: era justamente no branco do papel, do guardanapo, da tela do computador, que lhe vertiam as palavras, tantas a ponto de este já ser seu segundo livro. 
O novo livro conta com poemas escritos em momentos diversos de sua vida, interrompida aos 24 anos. 
Nos tempos da escola, Stéfano utilizava as páginas vazias dos cadernos para traçar poemas. 
Por conta disso, criou o hábito de levar sempre consigo cadernetas, onde registrava cada nova ideia tão logo lhe surgia. 
Nas vezes em que estava sem papel, costumava enviar áudios por aplicativo de mensagem à mãe, Adriana Deves.
A inspiração não escolhia hora nem lugar para chegar, então tanto pode o poema estar num caderno como pode estar num guardanapo de bar, como o poema “A poça”, presente no novo livro, escrito num guardanapo, durante uma noite boêmia — relata Adriana.
Com uma intensidade singular, Stéfano tinha também muita preocupação com a estética, com um cuidado extremo às rimas, métrica, à sonoridade de cada verso. 
Ele não acreditava que somente um amontoado de palavras soltas fossem um poema. Por isso, reescreveu vários dos materiais que estão no novo livro.
Esta obra é construída por experimentações de linguagem, a arrasar sons e sentidos, podendo ser classificada como pura revolta e potência. 


A poesia, aqui, tem uma verdade visceral, que vai do riso franco e debochado do autor, que ainda tão jovem já sabia que a vida é luta renhida, até o silêncio profundo do coração, como uma mão que se estende dizendo "adiante, que o mundo é grande e é nosso".

SINOPSE:

Começou apenas como um aperto no peito, um nó no estômago que não apertava tanto. Antes que percebesse, me fechou a garganta. Pronto, estava sufocado. Com os punhos cerrados como se unidos por um ímãaterrorizantemente real. Fui a frente do espelho e sussurrei, num esforço sobre-humano: “do que tu tens medo?”. “Do que tu tens medo?” – “DO QUE TU TENS MEDO?” – a essa altura já a todos pulmões, as veias do pescoço saltadas como se se livrassem de uma carapaça de etiqueta vitoriana a qual estiveram submissas por muito e muito tempo. O espelho, igualmente irritado não respondia; esbravejava e gesticulava como quem diz: “não, eu não carrego essa culpa”. Afinal, do que tens medo? Que sentimento é esse que te prende à cama, à cadeira da sala de aula? Aos almoços em família, ao relógio, à cidade? Que sentimento é esse que te faz submisso a um futuro imaginário e morno? Afinal, do que tens medo? Que força é essa que amarra tua poesia, que diminui teu amor e te deixa tão pouca essência e te deixa tão refém do hábito? Cadê a liberdade que impedia a apatia de amarrar-se (e amarrar-te, consequentemente) à zona de conforto? Afinal, do que é que temos, todos, medo?

SOBRE O AUTOR
Poeta, professor, artista e ativista político. 
Stéfano Deves nasceu em 1992, em Porto Alegre, Brasil. 
Com espírito inquieto e provocador, desde muito cedo demonstrou interesse pela literatura e, particularmente, pela poesia. 
Cursou Ciências Sociais, Letras e Teatro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Morou no Uruguai, Colômbia e África, onde passou por vários países, tendo passado mais tempo no Malawi.
Faleceu em 2017, após concluir o primeiro livro de poemas “Vida e morte de Rimbaud na terra do sempre”. 
Sua obra completa, ainda inédita, é composta por mais de 200 poemas, crônicas, peças de teatro e contos, espalhados entre dezenas de cadernos, quase sempre com versos escritos à mão.
Segundo o autor, “poeta é quem atrai poesia”. 
É “alguém cuja prosa convence as palavras a virarem verso”. 
Apesar de breve, sua vida vida foi, tal qual sua escrita é, intensa. 
Graças à vida boêmia e desbravadora, deixou uma obra carregada de sensibilidade, capaz de de nos fazer ver algo na escuridão de nossa época, a desconcertar certezas e provocar a intuição. 
Foi, como ninguém, um excelente anfitrião. A festa da alma foi tão boa que não nos deixou silêncio ou solidão, mas , sim, poesia.