Dicas da Lu: Dom Quixote
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sábado, 22 de junho de 2019

HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA DECENTE, DE ROSA VENTRELLA, PELAS PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE


História de uma família decente de Rosa Ventrella, um romance editado em Março de 2019 pelas Publicações Dom Quixote, foi a minha ultima leitura.
O livro está organizado em 12 partes e 41 capítulos (à guisa de prólogo, as palavras secretas, as estações breves, a idade das recordações, terras de ida, terras de não regresso, o paraíso não é para todos, as estações dos adeuses, hoje os primeiros passos, como pedras no mar, areia nos olhos, mala carne).
Esta história de ficção está narrada na voz da personagem principal, Maria de Santis, retratando as suas vivências de meninice até chegar à idade adulta no último ano da universidade.
A história transporta-nos literalmente para o universo, vivência, crescimento e amadurecimento de Maria, que cresceu em Bari Velha, um bairro à beira mar marcado pela dureza da vida, pela luta pela sobrevivência e pela pobreza.
Assim, este romance efetua um retrato do contexto económico-social, bem como da economia doméstica daquele bairro.
Maria, no entanto, não se lembra de alguma vez ter pensado naqueles anos como maus ou infelizes porque não conhecia nada diferente.
Maria nasceu na Bari Velha e apesar de tudo à sua volta não parecer contribuir para um futuro  risonho, confiando-a às lides domésticas presa ao mesmo modo de vida dos pais, Maria sendo inconformada e boa aluna, por influência de contactos do seu Professor de história, consegue continuar os estudos num colégio e ingressar na Universidade, representando o seu potencial futuro o sonho de vida que a sua mãe gostaria ter vivido, maior conforto económico e/ou ascensão social, a sua redenção.
Ao longo da vida de estudante, Maria sofre inúmeras discriminações pela sua proveniência social, mas a sua resiliência e determinação não a demoveram de obter bons resultados.
Na Universidade, conhece um rapaz proveniente de outro contexto, mas as diferenças abismais entre ambos não contribuíram para a continuidade da relação.
O destino de Maria acaba por se voltar a cruzar com o de Michelle, um rapaz do seu bairro, companheiro de aventuras de meninice, filho de um homem com alguma prosperidade, embora devido a negócios duvidosos, sendo por esse motivo não bem acolhido pelos pais de Maria.
Da infância Maria recorda uma ligação muito forte com a sua avó Antonietta.
O professor Caggiano foi quem valorizou a inteligência e o mérito escolar de Maria, tendo proporcionado os contactos que lhe abriram portas para prosseguir os estudos num colégio e na Universidade, embora com muito sacrifício dos pais.
A mãe de Maria, trabalhava como criada para um família rica por não ter tido possibilidade de estudar, sendo que a convivência com essa família lhe proporcionava uma vida confortável, menos dura comparativamente à vida que conheceu como dona de casa, mãe de família e esposa do pescador Tony, onde o dinheiro estava sempre ‘contado’.
Tony, pai de Maria, pescador revela uma inquietação interior que se manifesta num ambiente rígido e por vezes violento.
Giuseppe, o irmão mais velho de Maria, ao ingressar no serviço militar, consegue organizar a sua vida saindo de casa, libertando-se da autoridade do pai e constituindo família.
Já Vicenzo, o irmão mais novo de Maria, incapaz de conseguir lidar com a violência do pai, refugia-se em companhias que o arrastam para um destino que retrata a degradação do ambiente do bairro de Bari.
Este romance, com alguma carga dramática fruto da realidade de Bari, revela-nos uma história sobre expetativas, inconformismos, escolhas, frustrações, resiliência, determinação e redenção.
A história de Maria e Michelle é uma história bela e intensa que parece proteger Maria do sofrimento, não correndo como planeado.
Um livro apaixonante da primeira à última página, que nos deixa algumas reflexões sobre as oportunidades ou a falta delas e o que se consegue realizar no meio ambiente que condiciona as hipóteses de realização.
A passagem do tempo é outro aspeto muito interessante nesta história.
Fiquei com vontade de reler.
 

 
ISBN: 9789722066716
Edição ou reimpressão: 03-2019
Editor: Dom Quixote
Idioma: Português
Dimensões: 155 x 233 x 21 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 320
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance


SINOPSE:
Sul de Itália, anos 80. Os verões em Bari velha são passados entre os becos de lajes brancas, onde as crianças se perseguem pelas curvas de um labirinto de ruelas, no meio dos aromas dos lençóis estendidos em arames e dos molhos saborosos.
Maria, de doze anos, cresce aqui com os dois irmãos mais velhos. É uma menina pequena e morena, com feições selvagens que a tornam diferente das outras crianças - uma boca grande e dois olhos quase orientais que brilham como pequenos buracos - e uma certa maneira de ser hostil e insolente que lhe valeu a alcunha Malacarne
Vive numa terra sem tempo, num bairro onde os abusos são sofridos e infligidos, e de onde é muito difícil escapar. No entanto, Marì não está disposta a submeter-se a normas que não respeita. O seu único apoio é Michele, o filho mais novo do clã Senzasagne, a gente mais decadente de Bari velha. 
Apesar da hostilidade entre as suas famílias, entre ambos surge uma amizade delicada, quase fraternal, que o tempo converte em amor. 
Um amor que, embora impossível, os preserva do rancor do resto do mundo.

SOBRE A AUTORA:
Rosa Ventrella nasceu em Bari, e mora em Cremona. É licenciada em História Contemporânea e mestre em Gestão Escolar. Durante muito tempo, escreveu em revistas históricas especializadas e deu várias palestras sobre a condição das mulheres na História. Foi editora, e há anos que dirige oficinas de escrita criativa para crianças e adultos, em Cremona. É autora de Il giardino degli oleandri (2013) e Innamorarsi a Parigi (2015). História de Uma Família Decente(2018), o seu romance de estreia em Portugal, traduzido em 17 países, e os direitos para adaptação cinematográfica também foram adquiridos.

terça-feira, 12 de março de 2019

OS DIAS DO ABANDONO DE ELENA FERRANTE, DA EDITORA DOM QUIXOTE

Os dias do abandono, publicado em Abril de 2014 pela Editora Dom Quixote, foi a minha primeira leitura de Elena Ferrante, autora que já me tinham aconselhado para ler o livro 'A amiga genial'.
Não estava nada à espera do tipo de escrita e embora seja muito absorvente pela densidade psicológica, fiquei curiosa para ler outros livros da autora.
A narrativa é contada na primeira pessoa de Olga com 38 anos, casada com Mário, mãe dos pequenos Gianni e Ilaria, dedicada exclusivamente à família por necessitar acompanhar o marido na sua experiência profissional internacional. Otto é o cão lobo da família, cujo destino origina a viragem psicológica de Olga, determinante para o curso dos acontecimentos.
Toda a história decorre em Turim, na casa, prédio e parque da zona onde Olga reside.
Naquela cidade Olga não tem apoio familiar apenas amigos comuns com Mário.
O antagonista da história é Mário, que a determinada altura abandona a esposa e os filhos não revelando os motivos.
Mergulhamos então no universo psicológico de Olga, primeiro procurando perceber o porquê, numa fase inicial ainda expectante do regresso do marido a casa, que aparecia pontualmente para ver os filhos.
Na sua infância Olga havia assistido a um caso semelhante e aos efeitos devastadores e trágicos para a esposa 'abandonada'.
Supostamente essa referência deveria servir como alavanca para Olga ultrapassar a situação em que se encontra, sem emprego e com os dois filhos a cargo.
Contudo Olga, começa a descer numa espiral de desespero ao aperceber-se que Mário poderá ter outro relacionamento.
Procura nos amigos as respostas que procura mas em vão.
Quando descobre com quem Mário se encontra, entra numa espiral de desespero, com pensamento obsessivos de tal ordem, que os dias parecem sem nexo e sem rumo, chegando até a descurar de si, da casa e dos filhos.
Outro personagem que surge na história é Carrano, um vizinho músico, que não apreciava Mário e que ameaçava a vida de Otto como represália. Carrano acaba por se envolver na história.
Assistimos ao longo da história ao desenrolar dos dias e pensamentos e ações aobcessivas de Olga, bem como às suas tentativas de ultrapassar o furacão de sentimentos em que se encontra.
Num dia que mais parecia um filme de terror para Olga em que esta se sente a enlouquecer, sem noção da realidade, Otto (o cão de Mário que trazia desconforto a Olga por esse motivo) desperta em Olga a viragem dos seus sentimentos e o ponto de partida para o curso da história.
Olga nunca amara Otto até então. Mas algo fez com que através de Otto, Olga começasse a recuperar a autoestima e um propósito. Não viver para Mário, num processo depressivo por causa do abandono, mas descobrir-se a si e viver para os seus filhos.
Uma história dramática sobre as escolhas e suas consequências, a perda, como gerir emoções, os processos depressivos em que facilmente qualquer um pode entrar, e a necessidade de um gatilho para o ponto de viragem emocional, a importância da autoestima.
Muito drama a par de uma grande densidade psicológica nesta narrativa:
"Os dias do abandono remete para a atmosfera e densidade da figura de mulher na tragédia grega, um romance intenso e visceral, uma queda vertiginosa de cortar a respiração, num relato que prende e arrasta para o fundo mais negro e mais doloroso da experiência feminina. O amor é o início e o fim de tudo."
Já leram este livro?
Qual a vossa opinião?


ISBN: 9789722025607
Edição ou reimpressão: 04-2004
Editor: Dom Quixote
Idioma: Português
Dimensões: 160 x 240 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 224
Tipo de Produto: Livro Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Depois de quinze anos de casamento, Olga é abandonada por Mario. Presa ao cotidiano estilhaçado com dois filhos, um cachorro e nenhum emprego, ela se recusa a assumir o papel de poverella (a “pobre mulher abandonada”). Essa opção a projeta num turbilhão de obsessões, angústias e ímpetos violentos, capazes de afastar Olga do fato de que as derrotas precisam ser assumidas para que a vida possa enfim seguir adiante.

SOBRE A AUTORA:
Ninguém sabe quem é Elena Ferrante e os seus editores originais procuram manter silêncio absoluto sobre a sua identidade. Houve até quem suspeitasse que se trata de um homem; outros dizem que nasceu em Nápoles e viveu na Grécia e em Turim.
A maioria dos críticos considera-a a nova Elsa Morante, uma voz extraordinária que provocou um terramoto na narrativa dos últimos anos. O sucesso de crítica e público reflete-se em artigos publicados em jornais e revistas como The New York Times e Paris Review.
A saga composta por A amiga Genial, História do Novo Nome, História de Quem Vai e de Quem Fica e História da Menina Perdida está destinada a tornar-se um clássico da literatura europeia do século XXI.
"Não me arrependo de meu anonimato. Descobrir a personalidade do escritor através das histórias que propõe, das suas personagens, dos objetos e paisagens que descreve, do tom da sua escrita, não é mais nem menos que um bom modo de ler." Elena Ferrante numa entrevista via mail para Il Corriere della Sera.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A MEMÓRIA DA ÁRVORE, DE TINA VALLÈS, DA DOM QUIXOTE


A minha última leitura foi um livro que foi editado em setembro deste ano, pela Dom Quixote, de uma escritora catalã de que nunca tinha ouvido falar: Tina Vallès.
O livro chama-se A Memória da Árvore.
Escrito na primeira voz de um menino de dez anos, Jan, com a simplicidade do seu ponto de vista e ao mesmo tempo com uma profundidade comovente.
Conta-nos através de pequenos trechos, o dia a dia deste menino e da sua família: os seus pais e os seus avós.
Como os seus avós se mudam da casa de família de Vilaverd para o apartamento dos pais de Jan em Barcelona.
Jan vai descobrindo aos poucos o porquê dessa mudança e o que significa a doença do avô, que sofre de uma doença que lhe começa por roubar a memória das pessoas, das coisas e de quem é.
O fio condutor do livro é a história da árvore salgueiro chorão do seu avô.
Os diálogos e trechos são ao mesmo tempo simples e profundos.
Trata-se de um livro sobre memórias, sobre o tempo, sobre o significado do tempo e das memórias, bem como também sobre as perdas.
Tudo sob o olhar inocente de uma criança.
Sobre o amor que permanece, ainda que a memória já não.
Sobre a memória do coração.
Sobre a descoberta de quem se é.
A reler, apreciei muito este romance.
E vocês, já leram este livro ou outros livros da autora?



ISBN: 9789722065610
Edição ou reimpressão: 09-2018
Editor: Dom Quixote
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 232 x 14 mm
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 208
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Posso ficar contente? Jan não sabe porquê, mas intui que não é uma notícia muito boa que agora passem a ser cinco em casa. Os avós Joan e Caterina deixaram Vilaverd e vieram instalar-se com eles no andar do bairro de Sant Antoni, em Barcelona. Esta mudança alterará o dia a dia em casa, onde as palavras e os silêncios adquirirão novos significados. Mas Jan e Joan têm o seu mundo, cheio de passeios, árvores e letras com mais significado do que parece.
 Entretanto, os adultos fazem o possível para que tudo continue como sempre. Jan repara nos pormenores à sua volta e vai juntando-os para perceber o que se passa. As conversas entre avô e neto, com perguntas sem resposta e respostas sem pergunta, constroem um mosaico de cenas por onde avança a relação entre os dois, e a história de um salgueiro-chorão será o seu fio condutor.
A Memória da Árvore é um romance terno, construído de forma inteligente, que consegue colocar o leitor na pele de uma criança e que fala da transmissão de memórias, de como estas são fabricadas e conservadas, de onde se guardam e de como se podem perder.
Um livro notável, que representa também a confirmação do talento da escritora Tina Vallès.


SOBRE A AUTORA:
'Nasci em Barcelona em 1976. Desde que aprendi a escrever nunca deixei de contar histórias, primeiro aos pais e aos amigos, depois aos leitores e, desde 2009, também, e sobretudo, às minhas duas filhas, a Alba e a Mar. Publiquei as antologias de contos para adultos L’aeroplà del Raval (2006, seleção de textos do blogue homónimo), Un altre got d’absenta (2012) e El parèntesi més llarg (2013, Prémio Mercè Rodoreda de contos e narrativa), e também o pequeno romance Maic (2011). E, para o público mais pequeno e exigente, escrevi El caganer més divertit del Nadal (2011), Petita història del Palau Gu¨ell (2011) e Totes les pors (2016). Para além de escritora, sou também tradutora e revisora'