PRAÇA DO ROSSIO, N.º 59, DE JEANNINE JOHNSON MAIA, DA CASA DAS LETRAS - Dicas da Lu

domingo, 18 de novembro de 2018

PRAÇA DO ROSSIO, N.º 59, DE JEANNINE JOHNSON MAIA, DA CASA DAS LETRAS

De regresso a este cantinho para deixar a minha impressão sobre a última leitura: um romance histórico que se passa durante apenas nove dias do mês de Abril de 1941, em Lisboa.
De uma forma extremamente realista, a autora transporta-nos para o universo de Claire (uma jovem refugiada francesa com apenas 17 anos que chega a Lisboa proveniente de Marselha) e de António (um jovem que trabalha no café Chave de Ouro no Rossio e que vive com a sua avó na Mouraria).
O livro é escrito a duas vozes para a vivência dos 2 jovens numa Lisboa que constituía a última rota de fuga para outros destinos como o Brasil ou os Estados Unidos da América.
Interessante é a nota de abertura de cada um dos nove dias ao longo dos quais decorre a história:  notícias reais do Diário de Notícias daqueles mesmos dias.
Lisboa respirava intriga, espionagem e contra-espionagem, crimes e mistério.
Trata-se por isso de uma história envolvente e de alguma forma comovente.
Para obterem um visto de trânsito por 3 meses, era necessário o visto de saída de França, o visto de trânsito em Espanha, o visto do país de acolhimento e uma passagem marítima confirmada e paga.
Os refugiados chegavam a Lisboa por comboio e por barco. Partiam de barco num oceano Atlântico patrulhado por submarinos alemães prontos a afundar os navios que se dirigiam aos EUA que tomavam a posição de forças aliadas.
Em Lisboa várias agências humanitárias ajudavam no que podiam o acolhimento dos refugiados durante os dias que estes aguardavam pelo navios. Consta que naquela época eram longas as filas nos correios da Praça do Comércio para se saber de notícias dos familiares que tinham ficado para trás, bem como nos consulados dos países de destino, tal como nos escritórios das agências de navegação.
Cafés, bordéis, hotéis ou transmissores de rádio eram o palco de espionagem e contra-espionagem onde as movimentações bélicas maiores dos aliados e das forças alemãs eram influenciadas e determinadas.
Neste contexto, Claire investiga acerca de duas crianças refugiadas que chegam órfãs a Lisboa e António investiga acerca de um amigo, cliente do Chave de Ouro.
Num ápice, os seus destinos cruzam-se e vêm-se envolvidos numa trama de mistério, perseguição, tendo que decidir, no limite, entre o seu amor ou a força do 'dever'.
Como as expetativas de vida são moldadas fortemente pelo contexto em que vivem Claire e António.
Considero uma história apaixonante, de leitura muito fácil num suspense crescente para descobrirmos o desenrolar da história dos dois personagens principais. Somos praticamente transportados para a tela de um filme!
Aliás, do meu ponto de vista, este livro daria um bom filme!
Recomendo e releria de novo.
Já leram este livro?
Qual a vossa opinião?




ISBN: 9789897419225
Edição ou reimpressão: 05-2018
Editor: Casa das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 156 x 233 x 22 mm
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 328

SINOPSE:
Lisboa, abril de 1941. Em apenas nove dias, as vidas de uma mulher e de um homem mudarão para sempre. Vinda de Marselha, Claire, uma franco-americana de 17 anos, desembarca do comboio na estação do Rossio. À chegada, o seu caminho cruza-se - de maneira pouco agradável - com o de um jovem empregado do café Chave d’Ouro. Desenhador (e carteirista) nos tempos livres, António testemunha em primeira mão e tira partido dos conluios entre os espiões que se passeiam livremente pela capital portuguesa.

Enquanto aguarda pela família, na esperança de poderem partir juntos para os Estados Unidos, Claire vai à procura de duas crianças separadas dos pais à força e abandonadas à sua sorte, que transportam, sem saber, um segredo perigoso. António, chocado com o assassinato de um amigo, refugiado alemão raptado pela PVDE, tenta descobrir o responsável pelo crime. As investigações de ambos - e as suas vidas - vão cruzar-se, sem apelo nem agravo, à medida que descobrem que os desaparecimentos estão relacionados com um objeto que os nazis procuram em Lisboa.

Numa cidade repleta de espiões, intrigas e traição, a posse de tal objeto pode representar uma sentença de morte. Mas pode ser bem mais angustiante ter de decidir entre o amor e o dever.

SOBRE A AUTORA:
Antes de se mudar para Portugal, Jeannine Johnson-Maia trabalhou como jornalista na Bélgica e em Washington, D.C.
Na qualidade de assessora de imprensa, integrou a missão norte-americana junto da União Europeia, em Bruxelas.
Estudou nos Estados Unidos e em Itália, ensinou Inglês em França e viveu em Cabo Verde.
A atração pelas viagens e pelas complexas relações entre os países começou a ganhar forma nos tempos do liceu, graças, em parte, a uma fascinante fotografia do monte de Saint-Michel na capa de um belo livro.
Com o tempo, esses interesses levaram-na a licenciar-se em Política Externa pela Universidade de Virgínia (EUA), a concluir um mestrado em Economia, Estudos Europeus e Relações Internacionais, na Johns Hopkins School of Advanced International Studies (EUA) e a obter um segundo mestrado em Escrita Criativa na Universidade de Lancaster (Reino Unido).
Jeannine aprecia particularmente temas históricos, andando sempre em busca da história por detrás da História.
Fanática por Ted Talks, acha que os passeios à beira-mar são a melhor forma de terapia.
Vive no Porto, cidade que considera irresistivelmente fotogénica.
Praça do Rossio, N.º 59 é o seu primeiro romance.



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