Dicas da Lu: Chico Buarque
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sexta-feira, 28 de junho de 2019

O IRMÃO ALEMÃO, DE CHICO BUARQUE, COMPANHIA DAS LETRAS

O irmão alemão de Chico Buarque editado em Fevereiro de 2015 pela Companhia das Letras foi a minha leitura de hoje 22-06-2019, pois consegui lê-lo num dia tal a imensa curiosidade que desperta ao envolver-nos na investigação que o autor e narrador desenvolve para encontrar um irmão que nasceu a 21 de Dezembro de 1931 em Berlim fruto de uma deslocação do seu pai à Alemanha como correspondente do jornal brasileiro 'O Jornal'.
Não tinha a noção do universo literário de Chico Buarque e fiquei com alguma curiosidade.
Sérgio Buarque de Holander, leitor e colecionador de livros compulsivo foi jornalista e terá conhecido em Berlim Anne Ernest a mãe de Sérgio, o meio irmão cuja existência Chico descobriu já com 22 anos  por revelação do poeta Manuel da Bandeira, amigo da família.
Mas esta história está contada de uma forma que a ficção e a realidade se misturam de tal forma que se torna difícil perceber a diferença entre ambas, o que se torna interessante.
A leitura é densa e joga a todo o momento com inúmeras suposições de Chico, contada de tal forma que se torna desafiante perceber o que estaria a ser especulado, revelando-se por esse motivo com inúmeras surpresas.
O livro encontra-se estruturado ao longo de 17 capítulos por 192 páginas, sendo a narrativa contada na primeira voz de Chico e acompanha Chico desde a sua infância até cerca dos seus 70 anos em 2013.
As cartas e fotografias que figuram no livro são reais e foram trocadas entre Anne Ernest e instituições Alemãs.
Os tempos conturbados de início da chegada ao poder de Adolf Hidler e do partido Nazi dificultaram que o pai de Chico acompanhasse o rasto do filho.
Em 2013 Chico auxiliado pela editora e o historiador brasileiro João Klug e um museólogo alemão Dieter Lange iniciaram a investigação, tendo o autor se deslocado a Berlim onde ganhou novas sobrinhas.
Qual terá sido o percurso e destino do seu meio irmão?
Só a leitura o revelará. Uma história de suspense e aventuras desmedidas.
Sem revelar a história percebemos que o meio irmão de Chico tinha a mesma profissão do pai e talento para a música sendo inegáveis as parecenças físicas com o pai de Chico.
Deixo aqui um artigo que encontrei após ter terminado a leitura, que que revela as verdades e as mentiras do livro, mas só convém ler depois do livro, caso contrário, perde-se o interesse e a descoberta da história.


ISBN: 9789898775238
Edição ou reimpressão: 02-2015
Editor: Companhia das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 149 x 228 x 14 mm                                                   
Encadernação: Capa mole                                                 
Páginas: 192
Tipo de Produto: Livro                                                   
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance

SINOPSE:
Aos 22 anos Chico Buarque descobriu que tinha um irmão alemão.
Sergio Buarque de Hollanda, reputado historiador e crítico literário, pai de Chico, vivera na Alemanha entre 1929 e 1930, enquanto correspondente de um jornal. A efervescente Berlim dos anos 30 serviu de cenário a um romance com uma mulher alemã, de quem teve um filho que nunca chegou a conhecer. Chamava-se Sérgio Ernst.
Quase cinco décadas depois da descoberta, Chico Buarque decidiu fazer da existência desse irmão - e do silêncio em torno dele - a matéria do seu próximo romance. Mas antes precisava de saber exactamente o que lhe acontecera.
Dessa busca nasce este romance. Magistralmente conduzida por um narrador obsessivo, delirante, megalómano e profundamente solitário sem o querer ser, a narrativa enreda o leitor numa trama em que realidade e devaneio se confundem permanentemente. A páginas tantas, a busca de narrador e autor passa a pertencer igualmente ao leitor, também ele desesperadamente procurando esse irmão desconhecido.


SOBRE O AUTOR:
Escritor, compositor e cantor popular brasileiro, Francisco Buarque de Hollanda nasceu a 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, cedo se habituou a conviver com o mundo das artes e das letras. As reuniões da casa paterna eram frequentadas por intelectuais e artistas, entre os quais Vinicius de Moraes, que mais tarde viria a assinar uma meia dúzia de temas em parceria com o jovem Chico Buarque (incluindo Valsinha), e também pelos amigos da sua irmã Heloísa - Baden Powell, Óscar Castro Neves, Alaíde Costa. Da irmã receberia as primeiras lições de violão e de João Gilberto as primeiras influências musicais. Em meados dos anos sessenta, no início da bossa-nova e em pleno movimento de agitação social, Chico Buarque abandonou o curso de Arquitetura para se dedicar definitivamente ao violão e à escrita.
Em 1965 gravou o primeiro single, com as canções Sonho de um Carnaval e Pedro Pedreiro. Compôs a música para o espetáculo Morte e Vida Severina, baseado no poema homónimo de João Cabral de Melo Neto, exibido no Teatro da Universidade Católica em S. Paulo e que veio a vencer o Festival de Teatro Universitário de Nancy, em França. Musicou igualmente o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. O tema A Banda, interpretado por Nara Leão em 1966, tornou-se um sucesso internacional. Nesse mesmo ano viria a editar o seu primeiro LP, Chico Buarque de Hollanda. A peça Roda Viva, mais tarde proibida pela censura, é levada à cena com os seus próprios textos. E nessa época colaborava já com grandes nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia.
A mestria do erudito e a espontaneidade do popular coexistem no ritmo e nas palavras dos seus temas, e Chico Buarque rapidamente se tornou um dos mestres da música popular brasileira e um dos criadores do chamado samba urbano. O lirismo de "Realejo", "Lua Cheia" ou de "Carolina" alterna com as intervenções de protesto, de ironia e de crítica social de temas como "Deus lhe Pague" e "Meus Caros Amigos". A coerência das suas opiniões forçá-lo-ia inclusive ao exílio, estabelecendo-se em Roma durante perto de dois anos.
De volta ao Brasil em 1970, lança novos sucessos: "Construção", "O que Será (À Flor da Terra)", "Morena de Angola", etc.
Estreada no Rio de Janeiro em julho de 1978, A Ópera do Malandro é sem dúvida a sua experiência teatral de maior êxito. Baseada em The Beggar's Opera (A Ópera do Mendigo, 1728) de John Gay e em Die Dreigroschenoper (A Ópera dos Três Vinténs, 1928) de Bertolt Brecht e Kurt Weill, seria ainda adaptada ao cinema em 1986 por Ruy Guerra.
As aparições em palco do cantor tornaram-se entretanto cada vez mais raras. Nos anos oitenta, o espetáculo realizado no Canecão, no Rio de Janeiro, baseado no disco Francisco, é tido como "o maior espetáculo da década". E em 1994 De Volta ao Samba assinala mais uma vez a sua passagem pelos palcos do Rio de Janeiro e da Europa e o revisitar de velhos temas.
Nos últimos anos, Chico Buarque consagrou-se por longos períodos à ficção, tendo-se retirado no seu apartamento parisiense para trabalhar nos romances Estorvo (1991) e Benjamim (1995). Numa das suas passagens por terras portuguesas (maio de 1997), o autor deu conta da sua vontade de mostrar o "Brasil real", participando designadamente no lançamento do livro de Sebastião Salgado sobre o Movimento dos Sem-Terra.
Em 2017 venceu o prémio Roger Caillois pelo conjunto da sua obra. Em 2019 foi distinguido com o Prémio Camões, a distinção de maior prestígio da Língua Portuguesa.