A minha última leitura foi a biografia, a única que existe, apesar de não autorizada, de Sophia de Melo Breyner Andresen, escrita por Isabel Nery e editada em Maio de 2019 pela Esfera dos Livros, neste ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.
Do meu ponto de vista e salvo melhor opinião (uma vez que a nossa perceção se altera com o tempo e as experiências), considero um registo interessante ao descrever o contexto histórico no âmbito do qual Sophia viveu e que permitirá enquadrar grande parte da sua obra.
Por outro lado, ao conhecermos a árvore genealógica desde o seu bisavô Dinamarquês, que se estabeleceu no Porto, ficamos com uma visão muito mais completa das raízes de Sophia.
Esta biografia encontra-se estruturada ao longo de 25 capítulos, seguida de uma breve cronologia, notas, fontes e referências bibliográficas.
A leitura teria sido mais fluida se as notas estivessem integradas no rodapé da respetiva página, ao invés de se encontrarem no final do livro.
Os nomes dos capítulos vão-nos sugerindo a linha de abordagem da autora, que é também cronológica: lá onde tudo começou, o avô marinheiro e o urso, primeiro porto de abrigo, o avô aristocrata e as moléstias vergonhosas, o nascimento, a morte romântica e os Andresen, a Granja da casa branca e os primeiros poemas, Tareco e Xixá o início, contos de aquém e além sarampo, as mãos horrorosas dos fascistas, rumo ao sul a descoberta do Algarve, a paixão helénica, filha de um Deus poético, da Igreja se faz oposição, a marcha para a liberdade, quem é Francisco Sousa Tavares, o sequestro e as mais amplas comidas, um casamento no verão quente, por uma definição de cultura, o divórcio litigioso e o beijo da paz que faltou, o amigo Soares e a amada Grécia, aquele mundo dela, Sophia e o mito, o segundo enterrou ou a imortalidade.
Para além da ampla recolha bibliográfica a autora viajou pelos lugares que terão sido os mais emblemáticos para Sophia procurando uma aproximação à sua vivência poética, tendo também recolhido inúmeros testemunhos de alguns familiares da biografada, bem como amigos, personalidades que todos identificamos.
Com este livro ficamos com uma aproximação à singularidade da sua personalidade e percurso, permitindo uma melhor compreensão também da sua obra.
Uma biografia a reler pela riqueza e complexidade dos factos, sendo que falar de Sophia é indissociável em relação ao contexto histórico, económico, social e cultural que marcaram o século passado português
A autora conclui: "Sophia foi-é-isto: azul, poesia, promessa".
Deixo aqui uma entrevista da autora à TSF.
Data de Publicação maio 2019
Número de páginas 352
Tipo de Capa Capa Mole
Autor Isabel Nery
Editor A Esfera do Livros
SINOPSE:
Sophia é sinónimo de figura maior da literatura portuguesa, de poesia luminosa e despojada, de contos infantis que continuam a marcar gerações, mas também de poeta que pendurou palavras na ponta das espingardas para chamar «velho abutre» ao ditador; que usou de pontaria certeira enquanto deputada na Assembleia Constituinte, onde lembrou que só haveria liberdade se houvesse justiça e que um país mais justo passava por um Portugal mais culto; que teve a coragem de dizer adeus às armas quando constatou que, depois do 25 de Abril, a poesia esteve na rua, mas rapidamente voltou para dentro de casa. No ano em que se assinala o centenário do seu nascimento, a jornalista Isabel Nery percorre lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia de Mello Breyner Andresen. Porque não é possível escrever a sua biografia sem visitar o Porto, a Grécia, Lagos, a Travessa das Mónicas na Graça, ou mesmo a pequena ilha de Föhr, no mar do Norte, de onde Jan Andresen, bisavô da poeta, era originário. Ou entrevistar quem com ela privou, o que resultou na recolha de 60 testemunhos: do pescador José Muchacho que levava Sophia a visitar as grutas em Lagos, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política, família, tradutores e investigadores. Porque não é possível escrever a sua biografia sem ler os relatórios dos interrogatórios a que foi sujeita na sede da PIDE, sem compreender o contexto histórico em que viveu ou as suas relações familiares.
A biografia que faltava sobre a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões. A única mulher escritora com honras de Panteão Nacional, a quem muitos gostavam de ter visto atribuído o Prémio Nobel.
Do meu ponto de vista e salvo melhor opinião (uma vez que a nossa perceção se altera com o tempo e as experiências), considero um registo interessante ao descrever o contexto histórico no âmbito do qual Sophia viveu e que permitirá enquadrar grande parte da sua obra.
Por outro lado, ao conhecermos a árvore genealógica desde o seu bisavô Dinamarquês, que se estabeleceu no Porto, ficamos com uma visão muito mais completa das raízes de Sophia.
Esta biografia encontra-se estruturada ao longo de 25 capítulos, seguida de uma breve cronologia, notas, fontes e referências bibliográficas.
A leitura teria sido mais fluida se as notas estivessem integradas no rodapé da respetiva página, ao invés de se encontrarem no final do livro.
Os nomes dos capítulos vão-nos sugerindo a linha de abordagem da autora, que é também cronológica: lá onde tudo começou, o avô marinheiro e o urso, primeiro porto de abrigo, o avô aristocrata e as moléstias vergonhosas, o nascimento, a morte romântica e os Andresen, a Granja da casa branca e os primeiros poemas, Tareco e Xixá o início, contos de aquém e além sarampo, as mãos horrorosas dos fascistas, rumo ao sul a descoberta do Algarve, a paixão helénica, filha de um Deus poético, da Igreja se faz oposição, a marcha para a liberdade, quem é Francisco Sousa Tavares, o sequestro e as mais amplas comidas, um casamento no verão quente, por uma definição de cultura, o divórcio litigioso e o beijo da paz que faltou, o amigo Soares e a amada Grécia, aquele mundo dela, Sophia e o mito, o segundo enterrou ou a imortalidade.
Para além da ampla recolha bibliográfica a autora viajou pelos lugares que terão sido os mais emblemáticos para Sophia procurando uma aproximação à sua vivência poética, tendo também recolhido inúmeros testemunhos de alguns familiares da biografada, bem como amigos, personalidades que todos identificamos.
Com este livro ficamos com uma aproximação à singularidade da sua personalidade e percurso, permitindo uma melhor compreensão também da sua obra.
Uma biografia a reler pela riqueza e complexidade dos factos, sendo que falar de Sophia é indissociável em relação ao contexto histórico, económico, social e cultural que marcaram o século passado português
A autora conclui: "Sophia foi-é-isto: azul, poesia, promessa".
Deixo aqui uma entrevista da autora à TSF.
Data de Publicação maio 2019
Número de páginas 352
Tipo de Capa Capa Mole
Autor Isabel Nery
Editor A Esfera do Livros
SINOPSE:
Sophia é sinónimo de figura maior da literatura portuguesa, de poesia luminosa e despojada, de contos infantis que continuam a marcar gerações, mas também de poeta que pendurou palavras na ponta das espingardas para chamar «velho abutre» ao ditador; que usou de pontaria certeira enquanto deputada na Assembleia Constituinte, onde lembrou que só haveria liberdade se houvesse justiça e que um país mais justo passava por um Portugal mais culto; que teve a coragem de dizer adeus às armas quando constatou que, depois do 25 de Abril, a poesia esteve na rua, mas rapidamente voltou para dentro de casa. No ano em que se assinala o centenário do seu nascimento, a jornalista Isabel Nery percorre lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia de Mello Breyner Andresen. Porque não é possível escrever a sua biografia sem visitar o Porto, a Grécia, Lagos, a Travessa das Mónicas na Graça, ou mesmo a pequena ilha de Föhr, no mar do Norte, de onde Jan Andresen, bisavô da poeta, era originário. Ou entrevistar quem com ela privou, o que resultou na recolha de 60 testemunhos: do pescador José Muchacho que levava Sophia a visitar as grutas em Lagos, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política, família, tradutores e investigadores. Porque não é possível escrever a sua biografia sem ler os relatórios dos interrogatórios a que foi sujeita na sede da PIDE, sem compreender o contexto histórico em que viveu ou as suas relações familiares.
A biografia que faltava sobre a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões. A única mulher escritora com honras de Panteão Nacional, a quem muitos gostavam de ter visto atribuído o Prémio Nobel.
SOBRE A AUTORA:
A curiosidade pelo outro levou-a a estudar na Alemanha ainda adolescente, e mais tarde em Espanha e nos EUA. A mesma curiosidade levou-a até ao jornalismo, amor à primeira vista, depois da licenciatura em Relações Internacionais e do mestrado em Comunicação. Isabel Nery é jornalista na revista VISÃO e coordena um núcleo de Jornalismo e Literatura no Clepul, centro de investigação da Faculdade de Letras. O seu livro de reportagem As Prisioneiras - Mães Atrás das Grades, foi adaptado para a curta-metragem Os Prisioneiros, e a reportagem Vida Interrompida percorreu o país em exposição itinerante (em co-autoria com Marcos Borga). O trabalho de Isabel Nery foi já distinguido com vários prémios, entre eles o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas, o Prémio Jornalismo pela Tolerância, o Prémio Paridade Mulheres e Homens na Comunicação Social, e o Prémio Jornalismo e Integração, da UNESCO. Enquanto investigadora, publicou ensaio e apresentou comunicações em várias instituições portuguesas e estrangeiras, nomeadamente nos EUA e Canadá. Foi uma das jornalistas selecionadas pela Fundação Luso-Americana (FLAD) para o curso de jornalismo no Committee of Concerned Journalists (CCJ), em Washington. Faz parte da direção do Sindicato dos Jornalistas desde Janeiro de 2015.